EDITAL Transviadescendo as Psicanálises

 

CHAMADA DE ARTIGOS/ENSAIOS PARA O LIVRO: TRANSVIADESCENDO AS PSICANÁLISES

 

JUSTIFICATIVA / ESCOPO

 

Cavalcanti & Sousa (2016) compreendem os saberes psi como compostos por psicologia, psiquiatria e psicanálise. Embora se distingam historicamente, há pontos de intersecção, dentre os quais destacamos a naturalização da cisgeneridade na clínica, bem como a exclusão sistemática de profissionais trans em psicologia, psicanálise e psiquiatria. Com este cenário em mente, e tratando especificamente de saberes psicanalíticos, questionamos: será possível fazer psicanálise a partir de uma postura despatologizante, contranormativa? É possível produzir uma análise contranormativa? O que tal produção significaria?

Mezan (1988) afirma haver não uma história, mas histórias da psicanálise. A teoria psicanalítica, em suas diversas vertentes, não é um consenso, mas sim um conjunto de pensamentos, de vieses e de perspectivas que, por vezes, se contradizem e, por vezes, se complementam, sem, com isso, se anular. Diante da própria diversidade da psicanálise, não podemos concebê-la como uma teoria fechada, fixa e imutável. A movimentação da psicanálise, ao invés de enfraquecer seus pilares teóricos, proporciona sua flexibilidade prática e a possibilita sua vivacidade frente às novas demandas que surgem na clínica e na academia.

Ao compreendermos que a psicanálise está em mutação, e que ser psicanalista é estar em constante processo de formação, trazemos à reflexão, também, a importância de desnaturalizarmos as identidades tidas como natureza humana, ou como ideais de corpo e existência. É nesse sentido que abarcamos produções críticas do caráter, por exemplo, cisheteronormativo do saber e da prática psicanalítica, ou endonormativo dos discursos psi.

Anahi Mello & Adriano Nuernberg (2013, p. 6) denominam de “corponormatividade” a concepção capacitista “[...] que considera determinados corpos como inferiores, incompletos ou passíveis de reparação/reabilitação quando situados em relação aos padrões hegemônicos funcionais/corporais”. Diante da preponderância de inúmeras normatividades em psicanálise, nosso olhar está voltado a materiais que compreendam a psicanálise em tons críticos à heteronormatividade, à endonormatividade, à branquitude, enfim, a uma corponormatividade que preconiza como ideal o corpo cis, hetero, endossexo, branco, sem deficiência e masculino.

Portanto, para além de produções com teor crítico, visamos a representativa que modifica os campos de enunciação e, neste sentido, buscamos materiais exclusivamente de psicanalistas, analistas e estudantes de psicanálise trans, travestis e não-bináries com abordagens críticas da cisnormatividade em teoria psicanalítica, sobre sua prática clínica, e temas variados no escopo da psicanálise.

Receberemos submissões até 15/12/2023. Os artigos/ensaios devem ser depositados no seguinte formulário: https://forms.gle/JruCpG98S2m6F82o6.

 

NORMAS DE ENVIO

 

Os arquivos deverão ser enviados em formato .doc ou .docx (Word). Não serão aceitos materiais em PDF. As submissões devem apresentar uma folha de rosto (anexo separado) com os nomes das autoras e dos autores (tal qual querem ser citadas) – e minibiografias constando informações que as autoras e os autores julguem pertinentes (acadêmicas, existenciais, culturais, identificações de gênero, sexo, raça, etnia etc.). Formatação Máximo de duas autoras/autores por trabalho. Máximo de dois trabalhos por autoras/autores. Máximo de 16 páginas (com certa flexibilidade – sem abuso). Times New Roman, 12, espaçamento de 1,5 e texto justificado. Sem resumo e palavras-chave. Margens de 3 cm. Citações diretas com mais de 3 linhas deverão estar com a fonte em tamanho 10, espaçamento entrelinhas simples (1cm) e recuo à esquerda de 4cm.

O resultado dos trabalhos selecionados para compor a coletânea será comunicado através de e-mail específico, contendo o respectivo aceite e/ou pedido de correções até dia 30 de dezembro de 2023. Os trabalhos que demandarem algum tipo de correção e/ou ajuste deverão ser entregues pelas/os autoras/es até dia 30 de janeiro de 2024.

Às autoras e aos autores contempladas/contemplados/contemplades não recairá quaisquer ônus de custeio da obra, sendo-lhes garantido o direito autoral sobre seus próprios textos. 

 

ORGANIZAÇÃO

 

  • Bruno Latini Pfeil

Psicólogo (CRP05/71525). Mestrando em Filosofia (PPGF/UFRJ). Graduando em Antropologia (UFF). Coordenador da Revista Estudos Transviades. Pesquisador do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT). Co-organizador do mapeamento "A dor e a delícia das transmasculinidades no Brasil: das invisibilidades às demandas". Co-organizador do livro "Corpos Transitórios: Narrativas Transmasculinas". Membro do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL/UFRJ).

 

  • Cello Latini Pfeil

Doutorando e Mestre em Filosofia (PPGF/UFRJ). Especialista em Teoria Psicanalítica Freud-Lacaniana (CEPCOP/USU). Coordenador da Revista Estudos Transviades. Coordenador do Núcleo de Pesquisas do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (IBRAT). Pesquisador do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL/UFRJ). 

 

  • José Stona

Psicólogo (CRP07/24435). Psicanalista. Doutorando em Psicologia no Programa de Pós-Graduação em Psicologia (UFS) na linha de Pesquisa de Psicanálise e Cultura Contemporânea (Bolsa CAPES) com período sanduíche de doutorado em Psychanalyse et Psychopathologie pela Université de Paris (Bolsa CAPES - PDSE). Mestre em Psicanálise: Clínica e Cultura (UFRGS). Especialista em Problemas do Desenvolvimento da Infância e Adolescência (Lydia Coriat). Coautor do livro “O Cis no Divã” (2021). Coordenador da Pós- Graduação em Psicanálise e Relações de Gênero: Ética, Clínica e Política (FAUSP/IPPERG) e da Pós- Graduação em Atendimento Clínico das Diversidades Sexuais e de Gênero (FAUSP/IPPERG). Organizador dos livros “Relações de Gênero e Escutas Clínicas: Vol. 1” (2021), “Remonta: a escuta clínica da população LGBTTQIAP+” (2022) e “Relações de Gênero e Escutas Clínica: Vol. 2” e “Relações de Gênero e Escutas Clínica: Vol. 3”.

 

Referências

Cavalcanti, C., & Sousa, D. (2016). Entre normas e tutelas: pensando (im)possibilidades da psicologia em interface com transgeneridades. In D. S. V. Andrade, A. Denega, & H. M. Santos (Orgs.). Gênero na psicologia: saberes e práticas (pp. 126139). CRP-03.

Mello, A. G., & Nuernberg, A. H. CORPO, GÊNERO E SEXUALIDADE NA EXPERIÊNCIA DA DEFICIÊNCIA: ALGUMAS NOTAS DE CAMPO. (2013). In III SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADES 15 a 17 de Maio de 2013. Universidade do Estado da Bahia, Campus I, Salvador.

Mezan, R. (1988). Problemas de uma história da psicanálise. In Birman, J. (Org.). Percursos na história da psicanálise (pp. 15-41). Rio de Janeiro Taurus.

 

DÚVIDAS

 Entre em contato pelo e-mail: artigosipperg@gmail.com

 

 

 

 

 

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